
O que fazer em caso de lesões desportivas?
Os primeiros cuidados são fundamentais para minimizar as complicações e permitir uma recuperação mais natural e funcional.
Em traumatologia desportiva as lesões revestem-se, basicamente, de dois aspectos que apesar de parecidos são distintos e diferentes.
De um lado, os pequenos traumatismos ligados à repetição/execução contínua de determinados movimentos/gestos, microtraumas ou microruturas silenciosas, que se vão agravando com o tempo, são "lesões por esforço repetitivo" do inglês "Repetitive Strain Injury". Esta expressão é utilizada para lesões dos músculos, tendões, ligamentos e outros tecidos moles como resultado não só de uso excessivo mas também de um mau uso.
Pensemos nos jovens em crescimento; em consolidação de ossos, músculos, cartilagens, …, em pisos duros, terrenos “pelados”, no número de impactos do pé com o solo durante uma época de treinos e jogos… Na maioria dos desportos e actividades, lesões de uso repetitivo são as mais comuns e as mais desafiantes para serem diagnosticadas a tratadas.
Do outro, os acidentes traumáticos, resultantes da velocidade, dos movimentos forçados e dos choques.
Após qualquer lesão, quer seja a partir de microtraumatismos ou macrotraumatismos, inicia-se o processo de reparação. Este processo é geneticamente determinado tal como são os mecanismos de auto-regulação. Pode-se dizer que temos no nosso código genético, processos de AUTO-REPARAÇÃO, que são accionados após a ocorrência de qualquer lesão e que se podem descrever em diferentes estadios:
1ª - FASE AGUDA OU FASE INFLAMATÓRIA (até às primeiras 48/72 h)
Sinais Cardinais característicos da Fase Inflamatória:
CALOR – energia metabólica irradiada
RUBOR – vasodilatação e aumento da vascularização
EDEMA/HEMATOMA – exsudado inflamatório e/ou hemorragia
DOR – estimulação das terminações nervosas aferentes, por processos quer de natureza física, quer de natureza química, que ocorrem nas primeiras horas pós-lesão.
O conjunto destes sinais/sintomas levam a uma limitação/incapacidade funcionais que será tanto mais acentuada quanto maior for a gravidade e a extensão da(s) lesão(ões) inicial(is).
® Controlar a resposta inflamatória,
® Melhorar a nutrição tecidular e a drenagem das substâncias indesejadas
® Reduzir a dor e o edema/hematoma locais
O conjunto de procedimentos terapêuticos a seguir, nas primeiras 48/72 horas, poderão ser descritos de uma forma sucinta pelas iniciais inglesas RICE, após uma avaliação prévia que conduza a um diagnóstico.
Simultaneamente devem-se evitar outro conjunto de procedimentos que podem contribuir para agravar a lesão inicial (ex. aplicação de calor).
A aplicação de ligaduras funcionais pode ser um excelente método uma vez despistadas lesões osteoarticulares.
2ª - FASE DE REPARAÇÃO TECIDULAR do 3º/4º dia até ao 10º/14º dia.
® Promover a reparação tecidular eficiente e sem recidivas
® Promover o comportamento normal da estrutura lesada
Os processos de reparação dos tecidos moles devem ser feitos permitindo alguns movimentos. É a fase da função protegida. A imobilização prolongada e total dos tecidos moles afectados promovem uma cicatrização desordenada não funcional para além de atrofias musculares. O movimento controlado induz um tecido em reparação mais funcional.
Pretende-se nesta fase consolidar o processo de reparação e prevenir a cicatrização excessiva e desordenada. É a fase onde se deve fazer a reintegração progressiva e gradual ao treino e à actividade desportiva, sendo essencial a sintonia entre o Enfermeiro ou Fisioterapeuta e o treinador - Departamento Clínico e Equipa Técnica.
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