terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Assistência em Campo - Importância dos 1.ºs minutos

Ao longo dos anos muito se têm escrito sobre lesões desportivas, quer em publicações especializadas assim como em meios de imprensa e qual o seu melhor tratamento. Existe alguma informação disponível sobre as 48h e 72h após a lesão, existindo um ponto em comum: o método RICE (que abordaremos oportunamente). Mas, muitos responsáveis desportivos desconhecem que os primeiros minutos após a lesão acontecer são fundamentais, para uma melhor avaliação, prognóstico e posterior reabilitação do atleta.

Imaginemos que um jogador faz uma entorse do tornozelo, num campo de futebol 11, na zona mais distante do banco de suplentes, e por ventura o responsável clínico da equipa, está distraído, sem estar imediatamente disponível para actuar - o tempo que perde para chegar perto do jogador - pode ser suficiente para aumentar a extensão do hematoma entretanto formado influenciando negativamente toda a avaliação e posterior tratamento da lesão.
Os profissionais de campo têm consciência quanto necessário é realizar diagnósticos rápidos mas seguros. A atitude mais correcta para salvaguardar o próprio atleta é a evacuação do terreno de jogo para a periferia do campo, com o jogador transportado em maca.
É fundamental perguntar ao jogador o que e como aconteceu, onde sente dor, como se sente actualmente e se têm história de lesões naquele segmento corporal.

A avaliação e o diagnóstico quando realizados fora do campo permitem uma decisão mais precisa e não ficam sujeitos à imprecisão de um exame clínico, que por norma se faz perante a “pressão” do árbitro, da equipa adversária ou do público em geral.

A assistência fora do campo permite ainda a exposição da área afectada, observação de sinais de gravidade, como hemorragia interna (hematoma) ou ruptura de fibras e ainda evitar a utilização do milagroso spray, tantas vezes de forma indiscriminada para aliviar a dor e restituir o atleta à competição, camuflando uma lesão grave.

A permanência do jogador em campo é um acto de grande responsabilidade. Vejamos um exemplo prático: uma entorse benigna do joelho, sendo inofensiva, mas analisada num contexto clínico de campo, pode originar numa rotura ligamentar grave, quando o atleta intempestivamente reinicia o esforço após uma observação precipitada e incompleta. Por outro lado vejamos a dificuldade em fazer um diagnóstico pela observação clínica e queixas do atleta sem meios auxiliares de diagnóstico no campo.

Face à gravidade da lesão poderá ser necessário, o abandono do jogo, remoção para um local mais calmo (balneário) e se necessário o seu encaminhamento para uma urgência hospitalar em casos de emergência, como grandes traumatismos cranianos, fracturas ou luxações graves, hemorragias, entres outros problemas possíveis.

No desporto, uma simulação de lesão adquire outro significado quando utilizada para adquirir uma vantagem numérica, para beneficiar de uma penalização ou consolidar um resultado, sendo por isso considerada uma questão de ética desportiva.
A avaliação em campo deverá apenas ser realizada para os guarda-redes, por razões de substituição.

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